Cláudio Cordovil

Fausto: o homem que vendeu sua alma

Avida imita a arte?

 

Os acontecimentos na sessão da CPI da Covid-19 do dia 6 de maio de 2021 trouxeram-me à mente uma obra-prima da literatura mundial, Fausto: uma tragédia, do escritor alemão Wolfgang von Goethe (pronuncia-se Guêti) .

Jefferson Rudy/Agência Senado

Vejamos o que, a respeito desta obra, nos ensina Carolina Marcello, mestre em estudos literários, no blog Cultura Genial.

Fruto do imaginário alemão, o mito de Fausto surge em diversas narrativas; a versão de Wolfgang von Goethe é, sem dúvida, uma das mais célebres.

A lenda foi inspirada em Johann Georg Faust (1480 – 1540), um mago e astrólogo do Renascimento alemão que chegou a ser apontado como alquimista.

Esta célebre adaptação de Goethe, de uma história popular, se foca na figura de Henrique Fausto, um homem que é extremamente inteligente, mas ainda não possui tudo aquilo que quer. Várias histórias foram surgindo na cultura popular em torno dele: além de ser acusado de bruxaria, acreditavam que teria feito um pacto com o diabo para ter acesso aos poderes do mundo oculto.

Ele permanece insatisfeito até o dia em que conhece um demônio chamado “Mefistófeles”. Após fazerem um acordo, Fausto acaba vendendo a própria alma, a troco de ver seus desejos realizados.

Na lenda, assim como no texto de Goethe, Fausto é um homem sábio e de sucesso que pretende aprender e experimentar o máximo que puder. No entanto, ele se encontra permanentemente frustrado com as limitações humanas e procura também respostas no universo mágico.

Seu caminho sofre uma reviravolta quando ele conhece um demônio que vem à Terra para corromper a sua alma, depois de ter feito uma aposta com Deus.

Mefistófeles é uma figura da mitologia medieval que aparecia frequentemente nas obras da época, como uma das possíveis representações do mal. Com o tempo, ele passou a ser associado ao Diabo e confundido como outros personagens semelhantes, como Lúcifer.

Não é através da força, mas graças à esperteza e negociação, que ele consegue “comprar” a alma do protagonista. Após segui-lo até casa, sob a forma de um cão, o demônio aparece diante do estudioso com uma proposta que ele não consegue recusar.

Quando recebe uma resposta afirmativa do humano, que não resiste a tudo que lhe oferece, ele consegue realizar o seu principal objetivo: Fausto cai em tentação.

O poema dramático do alemão Johann Wolfgang von Goethe começou a ser composto em 1775. A obra foi publicada em duas partes: a primeira em 1808 e a segunda em 1832, já postumamente.

Significado e interpretação da obra

Considerada uma das maiores obras da literatura alemã, Fausto se tornou uma referência que simboliza o dilema do Homem na modernidade. Desde o começo, aquilo que motiva Fausto é a busca incessante do conhecimento, procurando compreender totalmente o mundo no qual se encontra.

Quando conhece Mefistófeles, ele encontra uma forma de superar as limitações da sua humanidade e ter acesso a saberes e experiências que jamais iria obter de outro modo. Para isso, ele precisa fazer uma escolha moralmente questionável: vender a alma a troco do conhecimento.

Contudo, o pacto de Fausto com o demônio terminará no momento em que ele se sentir verdadeiramente satisfeito. Ou seja, de alguma forma, ele precisa ser movido por essa sede contínua de progresso e informação, caso contrário tudo chegará ao fim.

Na tentativa de entender a existência e os mistérios do universo, o protagonista acaba desafiando as leis divinas. Ainda que Deus tenha apostado que ele não venderia a alma, por acreditar na pureza da humanidade, Fausto acabou sendo corrompido pelo seu próprio espírito inquisitivo.

Mesmo assim, depois de todos os seus feitos ao lado de um demônio, o protagonista se arrependeu e conquistou a salvação, lembrando que o perdão divino é possível para aqueles que realmente o procuram.

Deus, em sua profunda misericórdia, sempre perdoa os que desviam de seus caminhos.

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