Hoje trago um assunto relevante abordado pelo colunista Jairo Marques em seu artigo publicado ontem (6/6) na Folha de São Paulo.
Marques discute a questão do uso da sigla “PCD” para se referir às pessoas com deficiência e como essa abreviação pode objetificar e reduzir a identidade desses indivíduos. Muitas pessoas com doenças raras apresentam algum grau de deficiência.
O jornalista destaca que, embora a intenção seja simplificar e tornar mais prático o termo utilizado para designar as pessoas com deficiência física, sensorial e intelectual, o resultado acaba sendo desastroso.
Ele ressalta que transformar essas pessoas em “PCD” é objetificá-las e diminuir a luta diária que enfrentam em busca de igualdade e reconhecimento social.
O autor critica o uso generalizado da sigla, que muitas vezes é adicionada como sobrenome em redes sociais, na tentativa de facilitar o entendimento sobre a condição de deficiência de um indivíduo. Ele questiona por que não vemos pessoas se autodefinindo com outros termos como forma de facilitar o entendimento dos outros, como “Aurora Sapatão” ou “Otacílio Negro Retinto”.
Marques argumenta que há uma diferença significativa em relação às siglas utilizadas para representar o grupo LGBTQIAP+. Essas siglas evoluem e se adaptam para abranger as especificidades das identidades de gênero, refletindo o progresso e a representatividade desse grupo. Por outro lado, a sigla “PCD” tende a reduzir a diversidade e pluralidade dessas pessoas, separando-as do todo e criando uma distinção.
O autor ressalta a importância de enxergar as pessoas com deficiência como seres humanos completos, destacando suas características individuais e necessidades específicas. Ele sugere que, para abordagens individuais e questões objetivas, é adequado utilizar termos como “cadeirante”, “cego”, “surdo”, “paralisado cerebral”, “autista”, “pessoa com nanismo” ou “pessoa com síndrome de Down”.
Marques conclui enfatizando que a utilização da sigla “PCD” não é natural nem necessário, pois dificulta o esforço de compreender as diferenças como condições humanas, completamente capazes de conviver juntas. Ele destaca a importância da inclusão, da visibilidade e da oportunidade, sem simplificações ou reduções.
No mesmo dia, a cadeirante e influencer Andrea Schwarz postou em sua conta no Linkedin comentário com tema semelhante, desta vez para mencionar seu incômodo com a sigla famigerada, desta vez espetada em uma porta de toalete. Andrea e seu marido Jacques Haber são tema de ensaio fotográfico da Reserva para o Dia dos Namorados deste ano.
Nós, como sociedade, devemos refletir sobre a forma como nos referimos e tratamos as pessoas com deficiência, buscando sempre respeitar sua individualidade e garantir sua plena participação na sociedade. A inclusão verdadeira só é possível quando reconhecemos e valorizamos a diversidade de cada indivíduo.