Carta Aberta ao Dr. Salmo Raskin: A Humanidade e o Conflito Israel-Hamas

Assistindo o telejornal Hoje, da TV Globo, em sua edição de 9 de janeiro de 2024, pude verificar (para minha surpresa) que minha posição sobre o conflito Israel-Hamas é idêntica à atualmente manifestada pelo governo norte-americano. A única diferença é que, com uma mão, os EUA enchem Israel de recursos e apoio político para o prolongamento do combate e, com outra, tentam conduzir o premier israelense para a turma do “Deixa disso”.

Você pode comprovar o que digo aos 44:22 deste vídeo abaixo.

https://globoplay.globo.com/v/12252420/

Senão vejamos:

A afirmação de que “é preciso proteger os civis de Gaza e permitir que ajuda humanitária chegue até eles”, como defendida pelo governo norte-americano e por um cidadão do mundo como eu, inscreve-se em um espectro da ação política que se alinha com princípios humanitários e de direitos humanosContrariamente ao que afirma o dr. Salmo Raskin a meu respeito, não partem de um antissemita ou militante da extrema-esquerda.

Essa postura reflete valores como:

1. Proteção dos Civis: Prioriza a segurança e o bem-estar dos indivíduos em zonas de conflito, independentemente de suas afiliações políticas ou nacionais. Esta abordagem coloca a preservação da vida humana e a minimização do sofrimento acima de considerações políticas ou estratégicas.

2. Acesso à Ajuda Humanitária: Enfatiza a importância de permitir e facilitar o acesso a recursos essenciais como alimentos, medicamentos e abrigo para as populações afetadas. Esta perspectiva reconhece a necessidade de intervenção humanitária em situações de crise para prevenir agravamentos na condição de vida das pessoas afetadas.

3. Neutralidade e Imparcialidade: Indica uma postura que busca evitar tomar lados em conflitos políticos ou militares, concentrando-se na ajuda humanitária e no respeito aos direitos humanos, independentemente das partes envolvidas no conflito.

4. Respeito aos Direitos Humanos Internacionais: Alinha-se com as normas e convenções internacionais que regem os direitos dos indivíduos em tempos de guerra e conflito, como as Convenções de Genebra.

Carta aberta ao Dr. Salmo Raskin

Caro Salmo Raskin,

Escrevo esta carta aberta como um cidadão do mundo que acredita profundamente na importância da compreensão mútua e do respeito pelos direitos humanos, independentemente de diferenças ideológicas ou políticas.

Reconheço e respeito suas fortes convicções sionistas e entendo que estas são moldadas por uma complexa tapeçaria de história, cultura e experiências pessoais.

No entanto, gostaria de apresentar uma perspectiva diferente, na esperança de que possamos encontrar um terreno comum em nossos valores humanos mais fundamentais.

A questão de Gaza é, sem dúvida, um dos tópicos mais polarizadores e dolorosos de nossa era. Enquanto o debate político continua, não podemos ignorar o sofrimento humano que ocorre no terreno.

Civis em Gaza, incluindo mulheres e crianças, enfrentam desafios diários significativos e muitas vezes não têm acesso a necessidades básicas como alimentos, água potável e cuidados médicos adequados.

Acredito firmemente que a proteção dos civis e o acesso à ajuda humanitária são princípios que transcendem fronteiras políticas e ideológicas.

Estes são os pilares dos direitos humanos universais, valores que, creio, todos compartilhamos.

Ajudar aqueles em necessidade não significa negar o direito de Israel à segurança ou sua existência legítima. Pelo contrário, representa um compromisso com a humanidade que está presente em todas as nações e culturas.

É vital que busquemos soluções que promovam a paz e o respeito mútuo. Isso inclui ouvir e tentar entender as preocupações e perspectivas de cada lado.

A história nos ensinou repetidamente que a violência só gera mais violência, e que a compreensão e o diálogo são os caminhos mais eficazes para a resolução de conflitos.

Concluo esta carta com um apelo ao seu senso de humanidade e justiça. Vamos trabalhar juntos para encontrar caminhos que levem à paz e ao respeito mútuo, onde a dignidade e os direitos de todos sejam preservados e respeitados.

Com respeito e esperança por um futuro melhor,

Cláudio Cordovil Oliveira (PhD)

Pesquisador em Saúde Pública e Jornalista

ENSP/Fiocruz

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