Teste do pezinho ampliado: Atrasos ameaçam detecção precoce de doenças

O tema de hoje é uma preocupação relacionada à saúde pública no Brasil, que foi abordada em um artigo recente de Claudia Collucci e Ana Bottallo na Folha de São Paulo (6/6). O texto destaca os desafios enfrentados na ampliação do teste do pezinho no Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo dois anos após a lei que regulamentou a triagem neonatal mais abrangente. Ontem celebrou-se o Dia Nacional da Triagem Neonatal.

A lei, sancionada em maio de 2021 durante o governo anterior, estabeleceu que os estados teriam até cinco anos para expandir o teste do pezinho, permitindo a detecção de 50 doenças nos bebês. No entanto, a implementação desse avanço tem sido lenta na rede pública de saúde.

Em muitos estados e municípios, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país, ainda não é possível oferecer a triagem anterior, que abrange apenas seis doenças. Essas doenças, como a fenilcetonúria e o hipotireoidismo congênito, são preconizadas desde 2012 pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN).

Os atrasos ocorrem tanto na coleta de sangue do calcanhar do bebê, que deve ser realizada entre o terceiro e o quinto dia após o nascimento, quanto no envio das amostras para os laboratórios. Como resultado, o diagnóstico precoce não é realizado, e terapias importantes disponíveis no SUS são iniciadas tardiamente, aumentando o risco de desenvolvimento de sequelas, como deficiência intelectual grave.

A Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e Erros Inatos do Metabolismo (Sbteim) apresentou um relatório ao Ministério da Saúde evidenciando que em algumas regiões, como o Amazonas, menos de 60% dos nascidos vivos são submetidos à triagem das seis doenças básicas. A entidade solicitou a publicação dos indicadores de triagem neonatal por estado, para que a população possa acompanhar e cobrar seus gestores da área da saúde.

A presidente da Sbteim, Tânia Bachega, destaca a importância de uma consulta precoce para os bebês, pois existem doenças, como o hipotireoidismo congênito e a fenilcetonúria, que podem causar deficiência intelectual grave se não forem tratadas precocemente. No entanto, em alguns estados, a data da primeira consulta pode chegar a 120 dias, o que é preocupante.

A triagem neonatal no SUS é um programa abrangente, que inclui não apenas o exame em si, mas também o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento das doenças detectadas. É fundamental que haja uma detecção precoce dessas condições para garantir um desenvolvimento saudável das crianças.

O Ministério da Saúde está em busca de soluções para reduzir as desigualdades e melhorar a oferta do teste do pezinho e seu acompanhamento.

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