Cláudio Cordovil

Riscos da vacinação em crianças com doenças raras

vacinação

Doenças infecciosas são um grave problema de saúde pública no mundo inteiro, causando inúmeras complicações sérias, incluindo distúrbios autoimunes em populações não-vacinadas.

As vacinações representam o mais eficaz método de prevenir doenças infecciosas e a análise de custo-benefício de programas de vacinação já demonstrou a sua utilidade.

Com base nas informações da Orphanet, na Itália, as doenças raras afetam quase 2 milhões de pessoas, e 70% delas são crianças.

Entre os distúrbios neurodegenerativos, crianças com atrofia muscular espinhal (AME) devem receber imunizações de rotina, incluindo vacinas contra influenza e pneumococos; para pacientes pediátricos afetados com a distrofia muscular de Becker, vacinas contra influenza e pneumococos são indicadas em caso de fraqueza severa dos músculos respiratórios [].

Pacientes imunocomprometidos são um grupo especial com questões muito particulares envolvendo a imunização: em caso de imunodeficiência de células B e T, vacinas com vírus vivos atenuados (poliomielite oral, caxumba, sarampo, rubéola, BCG e varicela zoster) devem ser evitadas, dado o risco importante de doenças induzidas pela vacina [].

Indivíduos imunocomprometidos têm resposta subótima à vacina da hepatite B; desta forma, devem receber uma dose dupla da mesma. A administração de vacinas com virus vivos é contraindicada em pacientes com agamaglobulinemia, incluindo a agamaglobulinemia ligada ao X, síndrome de hiper IGM e imunodeficiência variável comum e em pacientes com síndrome de Wiskott-Aldrich.

Sujeitos com doenças mitocondriais devem seguir o calendário de vacinação de rotina [].  A vacinação com vacinas de virus vivos atenuados deve ser evitada em pacientes com doenças reumatológicas apenas se eles estiverem recebendo altas doses de medicamentos imunosupressores [].

A imunização sarampo-caxumba-rubéola é contraindicada em sujeitos com púrpura autoimune dado o risco aumentado de trombocitopenia [].

Menção especial deve ser feita a bebês prematuros. É errado supor que, em prematuros, estímulos alogênicos podem ser perigosos, na medida em que estes bebês são fracos e já estressados por estratégias de ressuscitação e terapias agressivas. Além disso, eles apresentam deficit de IgG, na medida em que a imunoglobulina cruza a barreira placentária principalmente durante o terceiro trimeste de gravidez.

No entanto, tem sido demonstrado que bebês prematuros têm uma resposta imunológica própria à vacinação recebida no primeiro ano de vida e os efeitos colaterais não são maiores que os observados em bebês a termo. Assim, bebês prematuros devem ser vacinados de acordo com o calendário recomendado para bebês a termo, sem correção para idade gestacional. Concluindo, sujeitos imunocomprometidos e bebês prematuros não têm uma incidência aumentada de reações adversas decorrentes da vacinação, se todas as medidas preventivas e recomendações forem adotadas []. 

Referências

  1. AIFA. Rapporto sulla sorveglianza postmarketing dei vaccini in Italia. 2013. http://www.agenziafarmaco.gov.it. Accessado em 9 de abril de 2015.
  2. Müller-Ladner C, Müller-Ladner U. Vaccination and inflammatory arthritis: overview of current vaccines and recommended uses in rheumatology. Curr Rheumatol Rep. 2013;15:330–336.
  3. Sener AG, Afsar I. Infection and autoimmune disease. Rheumatol Int. 2012;32:3331–3338. doi: 10.1007/s00296-012-2451-z.
  4. Saari Thomas N. Immunization of preterm and low birth weight infants. Pediatrics. 2003;112:193–198. doi: 10.1542/peds.112.1.193.

Fonte:

Barberi, Ignazio, Venera Tiralongo, and Lucia Marseglia. “Vaccination Risks in Children with Rare Diseases.” Italian Journal of Pediatrics 41.Suppl 2 (2015): A5. PMC. Web. 19 Jan. 2018.

 

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