Doenças infecciosas são um grave problema de saúde pública no mundo inteiro, causando inúmeras complicações sérias, incluindo distúrbios autoimunes em populações não-vacinadas.
As vacinações representam o mais eficaz método de prevenir doenças infecciosas e a análise de custo-benefício de programas de vacinação já demonstrou a sua utilidade.
Com base nas informações da Orphanet, na Itália, as doenças raras afetam quase 2 milhões de pessoas, e 70% delas são crianças.
Entre os distúrbios neurodegenerativos, crianças com atrofia muscular espinhal (AME) devem receber imunizações de rotina, incluindo vacinas contra influenza e pneumococos; para pacientes pediátricos afetados com a distrofia muscular de Becker, vacinas contra influenza e pneumococos são indicadas em caso de fraqueza severa dos músculos respiratórios [1].
Pacientes imunocomprometidos são um grupo especial com questões muito particulares envolvendo a imunização: em caso de imunodeficiência de células B e T, vacinas com vírus vivos atenuados (poliomielite oral, caxumba, sarampo, rubéola, BCG e varicela zoster) devem ser evitadas, dado o risco importante de doenças induzidas pela vacina [1].
Indivíduos imunocomprometidos têm resposta subótima à vacina da hepatite B; desta forma, devem receber uma dose dupla da mesma. A administração de vacinas com virus vivos é contraindicada em pacientes com agamaglobulinemia, incluindo a agamaglobulinemia ligada ao X, síndrome de hiper IGM e imunodeficiência variável comum e em pacientes com síndrome de Wiskott-Aldrich.
Sujeitos com doenças mitocondriais devem seguir o calendário de vacinação de rotina [1]. A vacinação com vacinas de virus vivos atenuados deve ser evitada em pacientes com doenças reumatológicas apenas se eles estiverem recebendo altas doses de medicamentos imunosupressores [2].
A imunização sarampo-caxumba-rubéola é contraindicada em sujeitos com púrpura autoimune dado o risco aumentado de trombocitopenia [3].
Menção especial deve ser feita a bebês prematuros. É errado supor que, em prematuros, estímulos alogênicos podem ser perigosos, na medida em que estes bebês são fracos e já estressados por estratégias de ressuscitação e terapias agressivas. Além disso, eles apresentam deficit de IgG, na medida em que a imunoglobulina cruza a barreira placentária principalmente durante o terceiro trimeste de gravidez.
No entanto, tem sido demonstrado que bebês prematuros têm uma resposta imunológica própria à vacinação recebida no primeiro ano de vida e os efeitos colaterais não são maiores que os observados em bebês a termo. Assim, bebês prematuros devem ser vacinados de acordo com o calendário recomendado para bebês a termo, sem correção para idade gestacional. Concluindo, sujeitos imunocomprometidos e bebês prematuros não têm uma incidência aumentada de reações adversas decorrentes da vacinação, se todas as medidas preventivas e recomendações forem adotadas [4].
Referências
- AIFA. Rapporto sulla sorveglianza postmarketing dei vaccini in Italia. 2013. http://www.agenziafarmaco.gov.it. Accessado em 9 de abril de 2015.
- Müller-Ladner C, Müller-Ladner U. Vaccination and inflammatory arthritis: overview of current vaccines and recommended uses in rheumatology. Curr Rheumatol Rep. 2013;15:330–336.
- Sener AG, Afsar I. Infection and autoimmune disease. Rheumatol Int. 2012;32:3331–3338. doi: 10.1007/s00296-012-2451-z.
- Saari Thomas N. Immunization of preterm and low birth weight infants. Pediatrics. 2003;112:193–198. doi: 10.1542/peds.112.1.193.
Fonte:
Barberi, Ignazio, Venera Tiralongo, and Lucia Marseglia. “Vaccination Risks in Children with Rare Diseases.” Italian Journal of Pediatrics 41.Suppl 2 (2015): A5. PMC. Web. 19 Jan. 2018.