Cláudio Cordovil

Revelado: Lobby de farmacêuticas financia associações de pacientes

De acordo com a investigação do The Observer, associações de pacientes que têm vínculos financeiros com fabricantes de medicamentos estão sistematicamente fazendo lobby junto ao órgão regulador de medicamentos do NHS para aprovar o lançamento de seus produtos.

Destaques da matéria

🔍 O relatório investigativo do jornal inglês The Observer revela que as empresas farmacêuticas estão financiando associações de pacientes que pressionam o órgão regulador de medicamentos do NHS para aprovar o lançamento de seus medicamentos.

👥 Das 173 avaliações de medicamentos realizadas pelo National Institute for Health and Care Excellence (NICE) desde abril de 2021, 138 envolveram grupos de pacientes que tinham um vínculo financeiro com o fabricante do medicamento avaliado ou receberam financiamento desde então.

💰 Os interesses financeiros desses grupos de pacientes muitas vezes não eram claramente divulgados nos documentos de transparência de NICE.

👨‍⚕️👩‍⚕️ O papel dos grupos de pacientes é dar voz aos leigos, fornecendo insights para comitês de especialistas sobre como viver com as condições médicas em discussão e permitir que os grupos tenham oportunidades de “contribuir para o desenvolvimento de orientações, conselhos e padrões de qualidade do NICE”.

🔎 A investigação destaca a necessidade de maior transparência e responsabilidade no processo de aprovação de medicamentos.

🤔 A investigação levanta questões sobre o papel dos grupos de pacientes no processo de aprovação de medicamentos e se abordagens alternativas poderiam reduzir a influência das empresas farmacêuticas.


Em uma investigação recente do The Observer, revelou-se que as empresas farmacêuticas estão financiando sistematicamente associações de pacientes que pressionam o órgão regulador de medicamentos do NHS (NICE) para aprovar o lançamento de seus produtos.

A investigação descobriu que das 173 avaliações de medicamentos realizadas pelo NICE desde abril de 2021, 138 envolveram associações de pacientes que tinham um vínculo financeiro com o fabricante do produto avaliado ou receberam financiamento desde então.

Isso levanta preocupações sobre a transparência e imparcialidade do processo de aprovação de medicamentos. Os interesses financeiros destas associações de pacientes muitas vezes não eram claramente divulgados nos documentos de transparência do NICE.

Muitas das associações que receberam os pagamentos fizeram apelos apaixonados ao órgão regulador de medicamentos da Inglaterra, pedindo a aprovação de tratamentos para doenças e enfermidades, incluindo câncer, doenças cardíacas, enxaqueca e diabetes, dentre outras enfermidades. Outros apresentaram recursos apelando contra as decisões do NICE quando os medicamentos foram recusados ​​por serem muito caros.

Espera-se que todas as partes que forneçam evidências ao NICE declarem conflitos de interesses, incluindo qualquer financiamento direto de fabricantes de medicamentos, bem como interesses indiretos em que terceiros relacionados possam se beneficiar.

As declarações normalmente são exigidas apenas para cobrir o período de 12 meses antes do início de seu envolvimento das associações com o NICE, o que significa que os laços históricos geralmente não são claros. Espera-se que seus interesses sejam atualizados ao longo do processo de avaliação.

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A Associação da Indústria Farmacêutica Britânica (ABPI) disse que as empresas farmacêuticas foram proibidas de pagar grupos de pacientes para defender seus produtos nas avaliações de NICE. No entanto, como se vê, a investigação revelou que as empresas farmacêuticas ainda estão financiando associações de pacientes que fazem lobby para a aprovação de seus medicamentos pelo NHS. O papel das associações de pacientes é dar voz aos leigos, fornecendo insights para comitês de especialistas sobre como viver com as condições médicas discutidas e permitir que os grupos tenham oportunidades de “contribuir para o desenvolvimento de orientações, conselhos e padrões de qualidade do NICE”.

O órgão de vigilância – que avalia a relação custo-efetividade dos tratamentos para ver se eles devem estar disponíveis no NHS – recebe evidências de diversos stakeholders, incluindo empresas farmacêuticas e especialistas clínicos.

Esta investigação destaca a necessidade de maior transparência e responsabilidade no processo de aprovação de medicamentos. Pacientes e profissionais de saúde devem garantir que este processo seja imparcial e livre da influência de empresas farmacêuticas.

A investigação também levanta questões sobre o papel das associações de pacientes no processo de aprovação de medicamentos e se abordagens alternativas poderiam reduzir a influência das empresas farmacêuticas.

A Roy Castle Lung Cancer Foundation disse que a “receita da indústria farmacêutica” não influenciou o envolvimento da ONG nos processos do NICE.

O NICE disse que faz recomendações com base na análise cuidadosa de todas as evidências diante das “pressões de todo o ecossistema da saúde”. Acrescentou que reconhece que esses pagamentos são feitos e seus comitês estão cientes de que tanto os grupos de pacientes quanto suas ONGs representativas fornecem suas percepções a partir de sua própria perspectiva e de seus interesses.


Q&A

Como os pacientes e profissionais de saúde podem garantir a transparência no processo de aprovação de medicamentos?

O artigo não fornece recomendações específicas sobre como pacientes e profissionais de saúde podem garantir a transparência no processo de aprovação de medicamentos. No entanto, destaca a necessidade de maior transparência e responsabilidade no processo e sugere que é necessário repensar fundamentalmente os recursos dos grupos de pacientes para garantir que eles não atuem apenas como marionetes para a indústria.

Que medidas podem ser tomadas para impedir que as empresas farmacêuticas influenciem grupos de pacientes e o NHS?

O artigo não fornece medidas específicas que podem ser tomadas para impedir que as empresas farmacêuticas influenciem associações de pacientes e o NHS. No entanto, sugere que é preciso haver uma discussão em nível governamental para decidir qual é a solução para o problema do financiamento de associações de pacientes pela indústria e os conflitos de interesse que surgem. Ele também destaca a necessidade de maior transparência e responsabilidade no processo de aprovação de medicamentos e de repensar fundamentalmente as remunerações das associações de pacientes para garantir que eles não atuem apenas como marionetes para a indústria.

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