Cláudio Cordovil

Pesquisa Clínica em Doenças Raras: Desafios e Avanços no Brasil

Em uma apresentação abrangente durante o primeiro Fórum Nacional de Doenças Raras e Saúde Suplementar, realizado em 12 de abril, em Porto Alegre, o Dr. Roberto Giugliani, geneticista cofundador e diretor da Casa dos Raros, rede de doenças raras da Dasa Genômica, e professor titular do programa de pós-graduação em genética e biologia molecular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, compartilhou insights valiosos sobre os desafios e avanços na pesquisa clínica em doenças raras.

O especialista traçou um panorama histórico e atual dessas condições, destacando como, apesar de individualmente raras, coletivamente afetam cerca de 6% da população mundial – aproximadamente 12 milhões de brasileiros e 400 milhões de pessoas globalmente.


Destaques da apresentação:


A exposição do Dr. Roberto Giugliani inicia-se em 1:04:35

Dr. Giugliani explicou o conceito de “odisseia diagnóstica” – o tortuoso caminho que pacientes com doenças raras percorrem até obter um diagnóstico definitivo. Este processo frequentemente envolve diagnósticos equivocados (ocorrendo em aproximadamente 40% dos casos), tratamentos inadequados e intervenções desnecessárias, gerando sobrecarga no sistema de saúde e sofrimento para pacientes e famílias.

Como contraponto a este cenário, ele informa que a Casa dos Raros desenvolveu um modelo de atendimento que tem conseguido reduzir significativamente o tempo de diagnóstico – de uma média nacional de 5,4 anos para apenas 82 dias, com casos diagnosticados em somente 11 dias.

“O atraso no diagnóstico retarda o início do tratamento e impede que uma orientação adequada seja fornecida à família”, alertou o especialista, enfatizando a importância de modelos de atendimento integrados.

Na segunda parte da apresentação, Dr. Giugliani abordou os múltiplos desafios para o desenvolvimento de tratamentos para doenças raras. Ele destacou que o processo de desenvolvimento de medicamentos para estas condições enfrenta obstáculos como a raridade individual das doenças, heterogeneidade de manifestações, natureza progressiva das condições, escassez de dados sobre história natural e questões éticas relacionadas ao uso de placebo em ensaios clínicos.


Desafios na pesquisa clínica:

  • Número reduzido de pacientes, dificultando recrutamento e tamanho amostral
  • Heterogeneidade das manifestações, complicando o estabelecimento de desfechos clínicos
  • Poucos biomarcadores validados para monitorar resposta ao tratamento
  • Dificuldade na obtenção de dados de história natural para comparação
  • Necessidade de modelos alternativos de ensaios clínicos adaptados às doenças raras

O geneticista apresentou alternativas metodológicas para pesquisa clínica nestas condições, como estudos de braço único (comparando com dados históricos), ensaios adaptativos, “basket trials” (agrupando várias doenças), estudos N=1 (desenvolvidos para pacientes específicos) e abordagens bayesianas.

Um ponto crítico destacado foi o processo de aprovação e incorporação de tratamentos no Brasil, que pode levar até 10 anos entre a aprovação pela ANVISA e a incorporação pelo SUS através da CONITEC.

Para concluir, Dr. Giugliani compartilhou soluções potenciais para fortalecer a pesquisa clínica em doenças raras no Brasil, incluindo colaborações internacionais, parcerias público-privadas, criação de registros e biobancos, e uso de big data e inteligência artificial.

Um exemplo inspirador do potencial brasileiro na área foi destacado: o primeiro paciente no mundo a receber uma terapia gênica para lipofuscinose ceróide neuronal foi tratado no Brasil, em Porto Alegre, pela equipe liderada pela Dra. Carolina Fischinger, demonstrando a capacidade do país para desenvolver inovação em tratamentos para doenças raras.


Crédito de foto: O Sul

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Cláudio Cordovil Pesquisador em Saúde Pública
Jornalista profissional. Servidor Público. Pesquisador em Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). Especializado em Doenças Raras, Saúde Pública e Farmacoeconomia . Mestre e Doutor em Comunicação e Cultura (Eco/UFRJ). Prêmio José Reis de Jornalismo Científico concedido pelo CNPq.

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