Cláudio Cordovil

“Sim, Virgínia, Papai Noel existe!”

Há algum tempo, deparei-me com esta notícia verídica e publiquei em outro blog de minha lavra. Reproduzo-a aqui porque, toda vez que a leio, um sentimento de fraternidade universal me acomete.


Em 24 de dezembro de 1897, o jornal New York Sun, o fundador do jornalismo moderno, tal qual o conhecemos hoje, publicou o seguinte editorial.

Ele fora motivado pelo carta de uma menina, Virginia O’Hanlon, endereçada ao jornal, por sugestão de seu pai.

A carta de Virgínia

Papai Noel existe?

Caro Editor:

Tenho oito anos. Alguns dos meus amiguinhos dizem que Papai Noel não existe. Meu pai diz: “Se você o vir no The Sun é porque ele existe”. Por favor, diga-me a verdade: Existe Papai Noel?

Virginia O’Hanlon.
115 West Ninety-Fifth Street.
New York City

A resposta para Virgínia

Nota da redação do The Sun: Temos o prazer de responder a Virginia O’Hanlon, expressando ao mesmo tempo nossa grande satisfação de saber que sua fiel missivista compõe o rol de amigos do The Sun:

Virgínia, seus amiguinhos estão equivocados. Eles foram afetados pelo ceticismo de uma época cética. Eles não acreditam, a não ser que vejam. Eles pensam que nada pode existir que não seja compreensível por suas pequenas mentes. Todas as mentes, Virgínia, sejam de homens ou de crianças, são pequenas. Neste nosso grande universo, o homem é um mero inseto, uma formiga, em seu intelecto, em comparação com o mundo ilimitado ao seu redor, medido pela inteligência capaz de apreender toda a verdade e conhecimento.

Sim, VIRGINIA, Papai Noel existe. Ele existe tão certamente quanto o amor, a generosidade e a devoção existem, e você sabe que eles abundam e dão à sua vida a mais elevada beleza e alegria. Infelizmente! quão triste seria o mundo se não houvesse Papai Noel. Seria tão triste como se não existissem VIRGINIAS. Não haveria fé infantil então, nem poesia, nem romance para tornar tolerável esta existência. Não deveríamos ter prazer, exceto nos sentidos e na visão. Apagar-se-ia a luz eterna com que a infância enche o mundo.

Não acredite em Papai Noel! Você pode também não acreditar em fadas! Você pode conseguir que seu pai contrate homens para vigiar todas as chaminés na véspera de Natal para pegar o Papai Noel, mas mesmo que eles não vejam o Papai Noel descendo pela chaminé, o que isso provaria? Ninguém vê Papai Noel, mas isso não é sinal de que Papai Noel não existe. As coisas mais reais do mundo são aquelas que nem as crianças nem os homens podem ver. Você já viu fadas dançando no gramado? Claro que não, mas isso não é prova de que eles não estejam lá. Ninguém pode conceber ou imaginar todas as maravilhas invisíveis no mundo.

Você pode abrir o chocalho do bebê e ver o que faz barulho lá dentro, mas há um véu cobrindo o mundo invisível que nem o homem mais forte, nem mesmo a força combinada de todos os homens mais fortes que já viveram, poderia destruir. Somente a fé, a fantasia, a poesia, o amor, o romance podem afastar essa cortina e ver e retratar a beleza e a glória sobrenaturais. É tudo real? Ah, VIRGINIA, em todo este mundo não há mais nada real e permanente.

Nada de Papai Noel! Graças a Deus! Ele vive, e ele vive para sempre. Daqui a mil anos, Virgínia, não, 10 mil anos a partir de agora, ele continuará a alegrar o coração da infância.

A casa de Papai Noel em Nova Iorque

é a casa de Virginia O’Hanlon

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