Cláudio Cordovil

Como lidar com a indústria farmacêutica (IV)

ética, testes clínicos

Hoje publicamos a quarta e última parte das recomendações propostas por Susan Stein e cols. para disciplinar as relações entre associações de pacientes e indústria farmacêutica.

Tais recomendações foram publicadas recentemente na Orphanet Journal of Rare Diseases (em inglês) .

O referido documento é composto de quatro partes. Ontem publicamos a primeira parte.

Deixe nos comentários sobre opinião sobre como deve ser esta relação!

 4. comunicação de testes clínicos e suporte

Como representante de uma comunidade, uma associação de pacientes está comprometida em oferecer educação e recursos sobre testes clínicos a seus membros. A associação informa a comunidade de pacientes sobre testes clínicos em aberto e vindouros. A organização também educa pacientes sobre seu papel vital durante todo o teste clínico, desde seu desenho até sua conclusão.  No geral, a participação da comunidade em testes clínicos é essencial para o progresso da ciência e a compreensão da doença.

4.1. A associação de pacientes age como uma transmissora de informação sobre testes clínicos, ao oferecer educação e recursos para esta comunidade.

4.2. A opção por participar em qualquer teste particular é de caráter individual; a associação de pacientes não busca influenciar esta escolha, mas, em lugar disso, assiste os pacientes e as famílias na tomada de decisões através de educação e conscientização.

4.3. A associação de pacientes dissemina informação precisa e equilibrada sobre testes clínicos, sem adicionar comentários ou opiniões que possam influenciar de qualquer forma uma decisão individual.

4.4. Visando apoiar o bom desenho e a comunicação dos testes clínicos, a associação de pacientes pode relatar à empresa biofarmacêutica observações, necessidades e barreiras à participação nos mesmos.

4.5. As associações de pacientes devem desenvolver e comunicar uma posição sobre seu papel no compartilhamento de experiências individuais de testes clínicos nas mídias sociais.  Revelar experiências de testes clínicos nas mídias sociais pode comprometer a condução dos mesmos e ter implicações na privacidade da saúde individual. No entanto, em última análise, a escolha por compartilhar informação é pessoal; desta forma, uma associação de pacientes não pode ditar que informação de testes clínicos os participantes devem ou não compartilhar em foruns públicos. A associação de pacientes pode prover a comunidade de materiais educacionais sobre potenciais implicações, tanto positivas quanto negativas,  de revelar publicamente experiências de testes clínicos.

4.6. Membros do conselho deliberativo e consultivo das associações de pacientes têm a responsabilidade de representar as mesmas com sua conduta. Informação sobre testes clínicos que esteja acessível à comunidade através das mídias sociais, incluindo seus blogs pessoais ou outras formas de comunicação, deve observar os princípios aqui retratados.

4.7. Ao final dos testes clínicos, a associação de pacientes pede para que a empresa biofarmacêutica ofereça um sumário dos resultados disponíveis para os participantes dos mesmos e para a comunidade de pacientes, em um momento oportuno. A associação de pacientes solicita que a empresa biofarmacêutica informe os pacientes, de uma forma que seja facilmente compreendida, e ofereça-lhes a opção de buscar esclarecimentos sobre o papel da participação destes na ampliação da base de conhecimentos ou no desenvolvimento de um tratamento.

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Cláudio Cordovil Pesquisador em Saúde Pública
Jornalista profissional. Servidor Público. Pesquisador em Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). Especializado em Doenças Raras, Saúde Pública e Farmacoeconomia . Mestre e Doutor em Comunicação e Cultura (Eco/UFRJ). Prêmio José Reis de Jornalismo Científico concedido pelo CNPq.

2 comentários em “Como lidar com a indústria farmacêutica (IV)”

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