Cláudio Cordovil

Fábula: Quem cuida das árvores raras?

Chegou um ponto em que a realidade sanitária brasileira se tornou tão inverossímil que só a fábula ainda consegue descrevê-la sem cair no desespero. No mundo dos medicamentos, em que a filantropia e o faturamento dividem o mesmo jaleco, a promiscuidade entre indústrias farmacêuticas e associações que dizem representar pacientes (e não suas contas bancárias) exige mais que denúncia: exige ironia.

Por isso, falo por meio de parábolas.
A fábula me permite o que a linguagem técnica não pode: rir com elegância do trágico, mostrar o cinismo sem precisar nomeá-lo.

E, se por acaso algum leitor se reconhecer nos mercadores, guardiões ou árvores dessas histórias, adianto:
Qualquer semelhança com fatos reais será mera coincidência — ou mero reflexo de espelho.

O Jardim das Árvores Raras

Havia, numa grande cidade, um bosque onde cresciam árvores raras, frágeis e preciosas. As famílias que ali iam buscavam sombra, cura e esperança.

Uma associação chamada Guardiões do Bosque dizia proteger essas árvores em nome da comunidade. Organizava encontros, distribuía folhetos e até oferecia alguns cuidados às plantas e aos visitantes. Com o tempo, os Guardiões foram vistos como os legítimos representantes das árvores raras.

O selo de filantropia

Certo dia, pediram ao Conselho da Cidade um selo dourado chamado Certificado de Benfeitoria, que daria isenção de impostos e reconhecimento oficial como jardineiros filantrópicos.

Mas o Conselho, ao examinar os papéis, encontrou problemas:

  • Os Guardiões não tinham registro no Cadastro de Jardins da cidade.
  • Seus estatutos eram contraditórios: ora diziam que o patrimônio seria destinado a órfãos, ora a aliados escolhidos, ora a entidades indefinidas.
  • Seus livros de contas estavam incompletos, sem assinaturas confiáveis, sem detalhar de onde vinham os recursos nem se a água e a sombra eram realmente oferecidas de graça.

Por isso, o selo foi negado.

As raízes douradas

Enquanto isso, por baixo da terra, havia raízes douradas que levavam nutrientes vindos de grandes mercadores de sementes exóticas. Esses mercadores tinham interesse em ver suas sementes florescerem e, em troca dos recursos, recebiam espaço em eventos e elogios às suas mercadorias.

As famílias viam apenas as flores coloridas dos Guardiões, sem perceber que a nutrição vinha, sobretudo, das casas de sementes.

A dúvida

Alguns moradores começaram a perguntar:

  • Seriam os Guardiões realmente jardineiros dedicados ao bem comum?
  • Ou seriam porta-vozes dos mercadores, usando o bosque como vitrine?

De um lado, era inegável que algumas árvores recebiam cuidado. De outro, a falta de registros formais, a opacidade nos livros e a dependência dos mercadores lançavam sombras sobre a legitimidade do grupo.

O risco

Se nada mudasse, as famílias poderiam perder a confiança. Afinal, ninguém gosta de descobrir que a água prometida talvez não seja gratuita, ou que a sombra oferecida esteja a serviço de interesses ocultos.

O futuro dos Guardiões, então, ficou em aberto:

  • Se regularizassem seus papéis, tornar-se-iam filantropos de fato.
  • Se mantivessem as raízes escondidas, seriam lembrados como jardineiros de fachada.

Moral

Em qualquer bosque, não basta usar o título de guardião. É preciso mostrar clareza nos registros, transparência nos livros e independência dos mercadores. Só assim todos saberão se o cuidado é pelo bem comum ou pelo lucro escondido.


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