Grandes variações na disponibilidade de novos medicamentos na Europa ((Estes novos medicamentos não se resumem àqueles destinados a doenças raras)) persistem, de acordo com dados recentes publicados pela European Federation of Pharmaceutical Industries and Associations (EFPIA). A pesquisa EFPIA Patients WAIT Indicator 2022 foi lançada apenas dois dias depois que a Comissão Europeia destacou a necessidade de combater as disparidades no acesso a medicamentos em sua proposta de reforma da legislação farmacêutica geral da UE .
O estudo cobre a disponibilidade (ou seja, inclusão em listas públicas de reembolso ((No Brasil, seria o equivalente à incorporação do medicamento ao SUS pela Conitec)) ) em todos os estados-membros da União Européia (UE) e mais 10 outros países de 168 produtos que receberam autorização de comercialização da UE de 2018 a 2021 ((No Brasil, como se fosse a concessão de registro pela Anvisa)). A taxa média de disponibilidade na UE foi de 45% em 2022 – abaixo de 47% em 2021. No entanto, é importante observar que essas porcentagens incluem disponibilidade “limitada” – por exemplo, restrição de cobertura a certas subpopulações, uso por pacientes identificados, reembolso temporário (pendente de decisão permanente) ou acordo de compartilhamento de risco.
A disponibilidade variou amplamente, mesmo entre os cinco grandes mercados europeus. A Alemanha teve de longe a taxa mais alta: 88% (incluindo 87% de disponibilidade total). A Itália ficou em segundo lugar, com 71% de disponibilidade total e 10% de disponibilidade limitada. A França teve 55% de disponibilidade total e 11% de disponibilidade limitada. A Inglaterra teve 36% de disponibilidade total e 30% de disponibilidade limitada, provavelmente refletindo a tendência do NICE de “otimizar” a cobertura para certas subpopulações e o uso de acordos de compartilhamento de risco. A Espanha apresentou 29% de disponibilidade total e 30% de disponibilidade limitada, embora estes números não incluíssem o acesso a medicamentos em situações especiais do Real Decreto 1015/2009.
Em comparação, vários estados-membros menores da UE – Letônia, Estônia, Eslováquia, Lituânia e Malta – tiveram taxas totais de disponibilidade abaixo de 20%.
O tempo médio de disponibilidade na UE aumentou marginalmente de 511 dias em 2021 para 517 dias em 2022. A Alemanha foi a mais rápida (média de 128 dias), enquanto Malta foi a mais lenta (média de 1.351 dias).
Ampla variação da disponibilidade de novos medicamentos na Europa
Na publicação das propostas da Comissão para a reforma da legislação farmacêutica, a Comissária da Saúde, Stella Kyriakides, disse: “Não podemos ter cidadãos de primeira e segunda classes quando se trata de acesso a medicamentos na UE. Esta reforma é sobre não deixar ninguém para trás.” E acrescentou: “A inovação tem que chegar aos pacientes para ter valor para a sociedade”.
A EFPIA certamente concorda com a última afirmação, mas vê a necessidade de se estar ciente de todos os fatores que contribuem para o acesso baixo e lento. Para esse fim, a entidade divulgou os primeiros dados de seu novo Portal de Acesso Europeu, bem como uma Análise de Causas Fundamentais para atrasos.
De acordo com EFPIA, “os dados mostram que nenhum setor, organização ou legislação pode abordar questões de acesso a medicamentos isoladamente. Para haver um progresso real na provisão de igualdade de acesso a tratamentos em toda a Europa, é necessária uma coalizão de parceiros dispostos a co-criar soluções baseadas em evidências: a EFPIA está pedindo a seus parceiros europeus que intensifiquem tais esforços”.
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Neil Grubert é especialista em acesso ao mercado farmacêutico com 30 anos de experiência no rastreamento dos mercados globais de medicamentos. Ele é autor de mais de 150 relatórios sobre acesso ao mercado, cobrindo 20 mercados maduros e emergentes, várias áreas terapêuticas e vários problemas do setor. Atualmente trabalha como consultor independente. Você pode ler seus artigos regularmente neste blog.